Introdução
A testosterona é um hormônio produzido pelas células de
Leydig, no testículo, sob o estímulo do hormônio luteinizante (LH). É um
andrógeno, ou seja, um hormônio esteroide que possuem efeito masculinizante.
Uma substância fortemente androgênica é aquela que tem alto poder de
masculinização.
A mulher também produz uma baixa quantidade de andrógenos,
pelas glândulas adrenais. Alguns deles são convertidos em testosterona,
respondendo por características como o crescimento de pelos pubianos e
axilares.
Testosterona e treinamento
Aumenta a taxa metabólica basal em 5-10% por aumentar a
atividade de todas as células, aumentando a velocidade de recuperação.
Aumenta a quantidade de hemácias, um homem normal tem 15-20%
mais hemácias que um homem sem testículos, melhorando a oxigenação tecidual
durante o exercício.
Aumenta a densidade dos ossos, tornando-os mais resistentes às
possíveis fraturas durante um treinamento intenso.
Após a puberdade, graças à testosterona, os homens aumentam
cerca de 50% de massa muscular em relação às mulheres, pelo seu efeito no
metabolismo das proteínas.
O que é muito falado sobre a testosterona é sobre sua
relação com o cortisol (ler o Manual do Cortisol). A testosterona, na verdade,
não possui nenhum mecanismo de regulação dependente de cortisol. O que acontece
é uma situação específica que provoca simultaneamente a queda de testosterona e
elevação de cortisol (diminuindo a razão testosterona/cortisol).
Enquanto o aumento do cortisol é um fenômeno esperado, uma
vez que este hormônio induz a proteólise e a lipólise para a obtenção de
energia, desconhece-se o motivo pelo qual a testosterona diminui durante e após
um exercício de longa duração.
Alguns autores observaram aumento de testosterona em
exercícios de curta duração, ou exercícios de força (Monitoring exercise stress
by changes in metabolic and hormonal responses over a 24-h period; Cortisol,
testosterone and insulin action during intense swimming training in humans),
enquanto várias modalidades de exercícios intensos e de longa duração (> 2
horas) promovem aumento dos níveis de cortisol e redução dos de testosterona,
logo após o término do exercício.
Isso quebra o mito popular de que treinar é aumentar
cortisol e diminuir testosterona. Na verdade, a relação testosterona/cortisol é
um indicador fisiológico da sobrecarga de treinamento à qual o indivíduo está
exposto e não deve ser encorajada para quem quer ganhar massa muscular. É um
dos fatores que explicam a diferença física entre corredores de 100m rasos e maratonistas.
Devido a isso, deve-se manter um treino de alta intensidade
e não de grande volume, preferencialmente de até 1h de duração.
Testosterona e acne
O aparecimento de acne tem predisposição genética. E essa
predisposição genética é pelo controle da produção de andrógenos, alguns
geneticamente terão tendência maior a produzir mais testosterona do que outros.
A testosterona provoca hiperqueratinização folicular e
aumento da secreção de sebo de praticamente todas as glândulas sebáceas do
corpo. A formação de acne tem 4 pilares fundamentais (mais detalhes no artigo Acne e dieta: verdade ou mito?), e a
testosterona atua direta e importantemente em dois deles.
Por isso que a acne é mais prevalente em homens, no período
da adolescência, e naqueles que fazem uso de esteroides anabolizantes.
Testosterona e
calvície
Grande parte da testosterona secretada é convertida
perifericamente em DHT (dihidrotestosterona, pela enzima 5-alfa-redutase), que
é um derivado várias vezes mais androgênico e está diretamente ligado à
calvície.
Um homem que não tem testículos não produz quantidades
significativas de testosterona e não se torna calvo. Porém a DHT não é o único
fator implicado na calvície, ela precisa ser sobreposta a uma herança genética
para provocá-la.
O tratamento utilizado para calvície é justamente o de
impedir que se forme mais DHT, inibindo a enzima 5-alfa redutase, um exemplo de
droga é a Finasterida.
Testosterona e voz
É a testosterona que provoca o engrossamento da voz em
adolescentes e mulheres que utilizam anabolizantes de alto poder androgênico. O
mecanismo é a hipertrofia da mucosa e alargamento da laringe, região onde ficam
as cordas vocais. Se o ar passa por um “cano” de maior diâmetro, o som sai mais
grave.
Como no adolescente os níveis de testosterona não diminuem,
a voz permanece grave. Em mulheres que fazem uso de andrógenos essa alteração
pode ceder com a interrupção do uso.
Referências
Tratado de Fisiologia Médica
11ª edição, Guyton & Hall.
Acne e dieta: verdade
ou mito? Adilson Costa, Denise Lage, Thais
Abdalla Moises. An
Bras Dermatol. 2010;85(3):346-53.
Alteração da relação testosterona:cortisol induzida pelo
treinamento de força em mulheres, Rev Bras Med Esporte _ Vol. 10, Nº 3 –
Mai/Jun, 2004.
Resposta divergente da testosterona e do cortisol séricos em
atletas masculinos após uma corrida de maratona, Arq Bras Endocrinol Metab
vol.50 no.6 São Paulo Dec. 2006.
0 comentários:
Postar um comentário